
Um date – Parte II
Retirado de outro site: Creditos Alexa
Aquele olhar denunciou-o…
Um date. Não passou disso. Mesmo depois de alguns meses partilhados com aquela pessoa, momentos íntimos, onde confidenciamos os nossos mais pequenos segredos essa pessoa desaparece num abrir e fechar de olhos.
Um date – Parte II
As pessoas que dizem gostar de nós, ou que nutrem algum sentimento por nós podem estar simplesmente a mentir, ou talvez até estejam a dizer a verdade, porém mulher magoada uma vez, mulher magoada para sempre.
O João regressou ao norte do país e eu fiquei em Lisboa a tentar controlar uma fera que estava adormecida há anos. Desta vez, ele passaria lá não apenas cinco, mas sim, quinze dias.
Esses dias foram uma tortura. A minha mente anda desenfreada. Pensava em sexo a toda a hora, parecia uma tarada, uma ninfomaníaca.
Nos dias que seguiram à sua ausência não conseguia deixar este desejo todo só para mim, queria espicaçar aquela fera que se encontrava a quilómetros de mim.
Um dia, ao chegar a casa do trabalho pensei em surpreendê-lo com uma FaceTime enquanto me banhava depois de um dia de trabalho árduo. Ele viu-me através daquela câmara. Ele observou cada movimento que eu fazia, até que pensei aumentar a temperatura. Masturbei-me com a ajuda do chuveiro, só para ele. Se ele deveria estar a trabalhar? Deveria, mas todos nós temos direitos a pausas ao longo do horário de expediente.
Quando terminei o banho sentia-me tão relaxada.
– Ainda faltam alguns dias até à tua chegada, tenho que me ir saciando… – disse-lhe enquanto me secava com a toalha.
Agarrou num livro que tinha ali perto e mordeu-o.
– Isto não se faz! Que tortura mulher!… – respondeu-me.
Eu rio-me pois tenho noção que consegui atingir o meu objectivo.
Os dias passaram e chegou o dia do regresso a casa do João. Ao longo dos dias em que esteve longe mantivemo-nos em constante contacto. Contudo, no dia da sua chegada não me deu qualquer sinal de vida. Desapareceu.
Fiquei um pouco preocupada com a repentina ausência do João naquele dia, pensei que tivesse acontecido algo com ele, no entanto, nada aconteceu, arranjou uma desculpa esfarrapada e naquele fim-de-semana não estivemos juntos.
“Não tive tempo para estar contigo este fim-de-semana bonequinha. Desculpa-me. Os meus amigos e familiares estiverem no foco da minha atenção ao longo do tempo. Só estarei cá em baixo novamente daqui a quinze dias. Beijos fofinha”
Foi essa a mensagem que ele me escreveu. Uma bela desculpa esfarrapada. No problem. É assim que as pessoas vão aprendendo. Esta era a segunda vez que ele me falhava, à terceira meto-o a andar e não quero saber do que foi partilhado entre ambos.
Os dias passaram-se e nós aos poucos fomo-nos afastando, mas a tesão que sentíamos um pelo outro ainda estava bastante presente. As mensagens que eram trocadas diariamente, mesmo que poucas, eram apenas de teor sexual.
No dia do seu regresso, o João surpreendeu-me ao aparecer no meu trabalho.
– O que fazes aqui? – pergunto-lhe espantada.
– Vim buscar-te para irmos jantar, bonequinha. – responde-me.
– Eu só saio daqui a quinze minutos. Diz-me onde queres ir e eu encontrar-me-ei contigo lá. – respondi rapidamente.
– Não bonequinha. No máximo, espero por ti em tua casa, assim deixas lá o carro e dás comida aos animais. – disse-me.
– Gosto do teu plano. Então, daqui a trinta minutos lá nos encontramos.
Despachei-o rapidamente, pois não queria dar nas vistas perto dos meus colegas de trabalho.
Como combinado, lá estava ele à porta do meu prédio. Mas acho que vou mudar de planos, novamente.
Após ter estacionado o carro avancei até perto do carro do João e gesticulo para ele descer o vidro da janela.
– Queres subir comigo? Para não ficares mais tempo à minha espera. -digo-lhe.
– Não… Vai lá eu espero aqui. – respondeu-me rapidamente.
– Não devemos é perder mais tempo. Anda. Sai mas é do carro e vem.
Ficou confuso a olhar para mim, mas seguiu-me até ao meu apartamento.
Assim que entramos e ele fecha a porta agarra-se imediatamente a mim. Encosta-me à parede. Sinto a sua tesão encostado ao meu ventre.
– Elise, o que tu fizeste foi uma tortura. Todos aqueles dias a ver-te sem poder tocar-te…uma perfeita tortura. – disse-me entre me agarra no pescoço e encosta-me a cabeça junto da parede.
– Isso são apenas palavras.. – não me larga o pescoço e deposita-me beijos ao longo dos ombros e peito – … Já só acredito em acções. Gestos ou atitudes.
Ele suspende os seus movimentos e fixa o seu olhar no meu. Aquele olhar denunciou-o.
Continuo contra a parede e as nossas mãos percorrem o corpo um do outro. Livrámo-nos daquelas roupas enfadonhas e tomamos o corpo um do outro.
Nesta noite deixámos marcas no corpo um do outro. Entre arranhões a marcas de dentes bem vincados na pele, até a nódoas negras em zonas que não deveriam ser visíveis.
Da parede para o sofá. Do sofá para a bancada da cozinha, porque ia buscar um copo de água. Da bancada da cozinha para a minha cama. Assim foi a nossa última maratona juntas. Gritámos e agimos que nem dois animais esfomeados.
As minhas vizinhas nos dias seguintes mandavam-me olhares bastante reprovadores, mas “vozes de burro não chegam ao céu”.
Depois de terminarmos aquela maratona já de manhã deixei-o repousar no meu ninho durante o sábado. A meio da tarde, depois de um bom dia bem dado, ele diz-me:
– Fofinha, vou jantar com os meus pais. Queres que passe cá mais tarde?
– Não te incomodes. Falamos depois amanhã. – respondi-lhe prontamente.
Despedi-me dele como se o fosse rever no dia seguinte… but maybe not.
Nos tempos que se seguiram ainda tentou manter contacto, porém para mim já era página virada.